sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sobre audiência e cidadania

Num país que se intitula livre, democrático, adepto do capitalismo, é natural e salutar a competição entre empresas privadas. Elas têm o direito de buscar a liderança do mercado no qual atuam. Nas operações destas empresas, há um conjunto de preceitos que devem ser atendidos para evitar um monopólio a tal ponto que prejudique o consumidor. Seria interessante se este mesmo cuidado para com a sociedade, orientasse a disputa das emissoras de TV pela audiência. Como dito anteriormente, estas empresas de comunicação têm o direito de competir entre si. Porém, tal busca deve ter um limite: a cidadania.

É direito de cada indivíduo que habita um país livre, o exercício da cidadania. Para Dalmo Dallari, em Direitos Humanos e Cidadania: “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”. Esta análise acadêmica sobre a cidadania faz-se necessária para compreender sua importância frente à disputa por audiência das emissoras de TV, que, no momento, contribui para o desinteresse e alienação de parte da sociedade com relação à eleição presidencial.

É verdade que parte da falta de interesse tem origem cultural, mas é dever dos meios de comunicação atender ao seguinte princípio, como está na Constituição Federal de 1988: “Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; (...)”.

Sendo assim, após lembrar da natural disputa por audiência entre as emissoras de TV, da importância da cidadania, do desinteresse pela eleição presidencial e do dever dos meios de comunicação, constitui-se a necessidade de criar algum tipo de mecanismo na programação das emissoras de TV para que debates televisivos em torno do próximo presidente da República não sejam relegados por causa da disputa por audiência.

Oferecer a possibilidade para a sociedade debater os rumos de um país vai além de divulgar números de uma pesquisa de intenção de votos. Trata-se de transmitir um debate com ideias e ideais entre postulantes ao mais importante cargo nacional, e tal questão é mais relevante que a disputa trivial por audiência.

OBS: o debate entre os presidenciáveis transmitido na noite do dia 05/08 foi pouco assistido pela sociedade, segundo o site http://www1.folha.uol.com.br/poder/778904-audiencia-de-debate-entre-presidenciaveis-na-band-decepciona-globo-vence-com-futebol.shtml

2 comentários:

  1. Mais uma vez as grandes emissoras trabalham para a alienação massiva das pesssoas.
    A queda na audiencia do primeiro debate dos presidenciaveis mostra como teremos a eleição.
    Com poucos votos conscientes e atides tendenciosas por parte das emissoras (todos sabemos que a maioria apoia o Serra)

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  2. Eu gostei de conhecer seu espaço e já te sigo.
    Vai conhecer meu blog: www.odeliriodabruxa.blogspot.com
    Um abraço
    Denise

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