quinta-feira, 1 de julho de 2010

O século da banalização

Vivemos o século da banalização. O amar se tornou banal, a fé se tornou banal, a música se tornou banal e o conhecimento se mecanizou e também está banalizado, embora nunca tenha sido tão valorizado. Tal paradoxo deve-se à modernização tecnológica. Sob esse aspecto convém analisar a situação da educação no Brasil .É necessário mais do que simples críticas, e sim uma profunda análise do sistema educacional no país e sua trajetória histórica, além das transformações as quais todo participante da sociedade está sujeito.

O processo de transposição das fronteiras, alavancado com o impulso no desenvolvimento dos sistemas de telecomunicação e transportes, principalmente o primeiro, foi o ponto chave para a mecanização do saber, e por conseqüência sua supervalorização e banalização.

O acesso ilimitado a fontes diversas de conhecimento, as quais vão desde a velha boa leitura até sites com entretenimento, cultura e lazer,. Tudo isso fornece ao estudante uma gama de conhecimento vasta. No entanto o que se percebe é a superficialidade no conhecimento , já que falta a devida orientação do como usufruir as informações. Não há mais a necessidade obrigatória do aprofundamento, e muitas vezes o senso comum acaba por vencer, e a simples cópia e alienação do estudante mal orientado, prevalece.

O sistema educacional brasileiro priorizou sempre a quantidade de conhecimento adquirido nas séries do ensino médio. Tal modelo educacional firmado em altas taxas de conteúdos poderiam vir a se tornar inúteis dependendo da carreira optada. Tudo isso privilegiou uma indústria da educação em função da cultura adquirida e sem tardar esquecida pelo estudante após cair em desuso. A admissão do estudante universitário é mera coadjuvante no processo falho, que traz como elementos participativos uma bola de neve formada por medidas paliativas, ao invés da reforma educacional necessária.

Fato curioso é observar as entrelinhas de certos materiais tomados como leitura obrigatória a um Pré-vestibulando e as tomo a seguir como citação ao final desde artigo. Ler Machado de Assis deveria fazer parte da formação intelectual buscada pelo próprio aluno com orientação e não imposição por parte do falho sistema.

“Cheguei a pegar em livros velhos, livros mortos, livros enterrados, a abri-los, a compará-los, catando o texto e o sentido, para achar a origem comum do oráculo pagão e do pensamento israelita. Catei os próprios vermes dos livros, para que me dissessem o que havia nos textos roídos por eles.

- Meu senhor – respondeu-me um longo verme gordo. - Nós não sabemos absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que roemos: Nós roemos.

Não lhe arranquei mais nada. Os outros todos, como se houvessem passado palavra, repetiam a mesma cantilena. Talvez esse discreto silêncio sobre os textos roídos, fosse ainda um modo de roer o roído. ”

8 comentários:

  1. Belo Texto Amanda, Estamos mechendo numa grande colméia quando falamos do nosso sistema de educação, e ao cutucar tal colméia vem um enchame de duvidas e erros para nos ferroar impiedosamente. Nosso sistema de ensino valoriza o conteudo mediano para o aluno mediano, castrando muitas vezes jovens mentes brilhantes. A sociedade valoriza o superficial, e quando o aluno chega ao mercado, tão exigente, se torna mais um trabalhador mecanico. Estamos todos a merce do sistemas como robos, sem pensamento, sem voz. A principal caracteristica da educação deveria ser ensinar o aluno a pensar.

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  2. Oiee Amanda
    Testo maravilhoso, devo concordar em gênero, número e grau com o que você e menina do comentário acima disseram.
    Sou péssima com comentários, devo acrescentar, mas... Saiba que seu texto ficou maravilhoso e como uma amiga fico extremamente orgulhosa de você!
    Parabéns!
    Pri

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  3. Adorei a referência dos vermes aos livros. O desprestígio do estímulo à filosofia é um dos fatores que causa o Não-Pensar, dando margem para que apenas se reaja de forma limitada.

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  4. podes crer, meu sobrinho até hoje estuda com um livro que diz que : JK é o presidente...
    a educação no Brasil não esta precisando de uma reforma, o palácio do planalto e prefeituras em todo o pais que esta!
    quando o nosso povo quiser a reforma na educação acontecera automaticamente.
    "os olhos do povo já foram abertos, mais insistem em permanecer cegos"

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  5. Algumas vírgulas fora de ordem: eu disse que tinha notado.
    Acredito que está no caminho com o seu post, terá de aprimorar mais essa sua expressão de criticidade, 'Manda.

    Blog bonito, aliás. Parabéns a quem fez o layout.

    Quanto ao comentário que deveras interessa, admiro quem consegue exprimir a revolta com o que já estamos acostumados, enxergando o que já é parcialmente invisível para nossos olhos cansados. Eu, contudo, admito ser mais um dos milhões de acomodados deste país. A cura não existe: só é possível uma busca interna para sair desses limites de pensamento e que pode até ser despertada por iniciativas como esta, mas a prevenção é a própria educação.

    Nada mais a dizer. Como diria um certo professor: "Vamo toca o baaaaile, povo!"

    :*

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  6. gosto de mais do jeito certinho no qual você se refere, mas isso não é nescessario, boas ideias nem sempre veêm de bons escritores, assim como sabendo que a internet é um veiculo atualmente aberto a todos, eu acho hipoceisia criticar a forma dos outros escreverem.

    até mesmo pelo fato de que educação é uma coisa até certo ponto restrita em nosso país, e se você teve, é culto o suficientemente sabio(ou não)para saber que ótimas ideias as vezes vem de quem sofre o preço da repreção, não de burgueses que passam o seu tempo a tentar humilhar o portugues de pessoas que falam uma lingua que nem os imortais da ACB(academia brasileira de letras espero que você saiba o significado) sabem falar de forma 100% correta.
    para mim chulo e disorientado é quem fala de mais por não ter nada a dizer e critica otimas ideias dizendo que elas não vão levar a lugar algum, acredita em 2012 troxa, seu proeminente panaca?

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  7. Cidade de Gelo.
    Quanto à parte da banalização, concordo plenamente não que discorde das outras, mas tenho um pouco de conteúdo a acrescentar sobre, esse vídeo demonstra uma verdade um tanto esquecida, a banalização do "mau", Seu nome é, Ética e Indiferença, Por Viviane mosé, no quadro Ser ou não ser, do fantástico, publicado pela rede globo.

    http://www.youtube.com/watch?v=jL_OR0OaGnA

    Esse ponto é notável até na forma de agir, a quem você diz bom dia nos eu dia a dia?, bem talvez não se diga mais bom dia nessa cidade de gelo, mas não está só nos cumprimentos, mas na percepção sobre as coisas, não há mais quem olhe pro céu e diga, "veja que nuvem linda", "a lua está linda hoje" , deixar de admirar e perceber, é parte desse ambiente gélido que estamos criando. Por mais difícil que seja, gosto de acreditar que o ser humano vai se sentir insatisfeito com seus caminhos e mudá-los, eu faço minha parte. Quanto à educação, e aos estudos, não sei se eu poderia explicar melhor, até costumo suar a frase de um amigo que diz: "Ler, O verbo que Não Admite Imperativo."(Chams Eddine), a escola como a prisão que é nunca vai tecer a sabedoria necessária nem a arte de questionar aos estudantes, acho que é tudo, Obrigado pelo Post Amanda Adorei.

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  8. Discordo sobre a banalização em si, afinal, todo dia é um novo dia e uma nova oportunidade está a espera de alguém que a explore... a sociedade é que está muito acomodada. Hoje em dia, poucos vivem... a grande parte da população apenas existe.

    Postador, tudo que é hiper/super valorizado... torna-se banal. Invariavelmente. Os celulares, as motos, os estudos, as coisas simples na vida e até mesmo as pessoas se tornaram banais.

    A internet e o meio digital em geral é como uma espada oriental; na mão do protetor, é a "espada do herói", mas na mão do opressor, é tida como a "lâmina de sangue". Em suma, ela será sempre uma espada, assim com o mundo digital uma porta para o conhecimento e ampliação de conceitos.

    A educação é mesmo uma droga... entopem-nos com um monte de porcarias e depois nos culpam por não aprendermos.

    Bela citação. É o que acontece com o jovem... eles leem e leem, mas não sabem o que estão lendo. Eu mesmo, li alguns livros e não me pergunte nem mesmo o nome do autor. Li apenas para fazer a avaliação e então na latrina do fim de semana despejei os dejetos daquilo que não apetece-me a alma. Necrografia ou literatura póstuma não é algo que me surpreenda ou contenha a atenção.

    No mais... a solução para estes problemas encontra-se no âmago familiar.

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